Saúde
Casa de Cultura sedia seminário sobre a saúde do trabalhador
30/04/2025
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Créditos: Rosiele de Mello e Leo Henrique
Uma série de palestras sobre saúde do trabalhador e segurança do trabalho com especialistas sobre o tema foram realizadas nesta terça (29) e quarta-feira (30), nas vésperas do Dia do Trabalhador, no auditório da Casa de Cultura Lufredina Araújo Gaya, no Centro.
A ação fez parte do Seminário Abril Verde, organizado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Vale do Caí e Metropolitana (Cerest), cuja sede fica em Esteio, e Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que busca conscientizar a população sobre a importância da saúde e segurança no trabalho.
As palestras iniciaram-se com o engenheiro de segurança do trabalho Marcelo Batista, que faz parte da Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalho, no Centro Estadual de Vigilância em Saúde, órgão da Secretaria Estadual da Saúde (SES). O tema apresentado pelo engenheiro de segurança foi “Acidentes por exposição a material biológico: Educação para redução de riscos e condutas após acidentes”.
Marcelo iniciou a palestra falando sobre o número de acidentes com perfurocortantes, objetos com pontas ou bordas agudas que podem perfurar ou cortar, principal causa da exposição ao material biológico. No Rio Grande do Sul, de 2020 até 2024, mais de 23,3 mil acidentes foram registrados. “Vale lembrar que, com certeza, o número foi bem maior. Porque muitas vezes nós visitamos uma empresa que tem um número de casos notificados e quando chegamos lá descobrimos que aconteceram mais casos”, ressaltou.
O palestrante também afirmou que, dentre esses casos, 76% dos afetados eram da área da saúde. E um dado mais alarmante, 1,9% dos acidentados, para sermos mais precisos, 441 pessoas, deram positivo para HIV e Hepatite.
Logo após, Marcelo apresentou uma hierarquia de prevenção para acidentes com perfurocortantes. São eles, em ordem, a eliminação da fonte de risco, substituição da fonte de risco, controle de engenharia, controle administrativo e uso de equipamentos de proteção individual (EPI's).
O engenheiro também falou sobre o uso de caixas coletoras para resíduos perfurocortantes e sobre a Norma Regulamentadora (NR) 32, sugerindo que os trabalhadores dêem a ideia da aplicação da norma quando não há um procedimento na empresa e que, se necessário, conduzam o processo.
Riscos psicossociais no ambiente de trabalho
À tarde, a psicóloga Luana Dullius conduziu uma palestra sobre os riscos psicossociais no ambiente de trabalho. O encontro destacou a importância de identificar e combater fatores que afetam a saúde mental dos trabalhadores no cotidiano profissional.
Durante a apresentação, foram compartilhados dados alarmantes sobre o aumento dos afastamentos por adoecimento mental no Brasil. Nos últimos sete anos, houve um crescimento de mais de 70% nos casos de licença médica por transtornos psicológicos relacionados ao trabalho.
Entre os principais fatores apontados como gatilhos para doenças como burnout, depressão e ansiedade, estão as longas jornadas de trabalho, episódios de assédio moral e sexual, insegurança no emprego e a ausência de benefícios. A psicóloga enfatizou que a exposição contínua a essas situações eleva significativamente o risco de adoecimento mental.
A palestra teve como objetivo reforçar a necessidade de adoção de medidas preventivas pelas organizações de trabalho público e privado, entre elas está promover uma cultura organizacional baseada no respeito, na escuta ativa e na valorização dos colaboradores, além de incentivar uma comunicação aberta e acolhedora.
Novas relações de trabalho
O Seminário Abril Verde seguiu nesta quarta-feira (30), com novas palestras voltadas à promoção da saúde do trabalhador.
Pela manhã, a enfermeira Carla Digra, do Cerest Porto Alegre), o presidente do SindmotosRS, Valter Ferreira, e o advogado Felipe Carmona, também do SindiMotos, falaram sobre as novas relações de trabalho e o impacto na saúde do trabalhador.
À tarde, foi a vez do técnico em Segurança do Trabalho, Braulio Dornelles, e do engenheiro de Segurança do Trabalho Alan Martins Pereira falarem sobre o cuidado ativo e prevenção da vida.
O Cerest
Inaugurado em agosto do ano passado, o Cerest Vale do Caí e Região Metropolitana fica na Travessa Mário Cutruneo, junto ao Centro Integrado de Atenção à Saúde (Cias), no Bairro Olímpica. É uma unidade de saúde especializada no atendimento e promoção da saúde dos trabalhadores. A sua principal função é atuar na prevenção de doenças e agravos relacionados ao ambiente de trabalho. O Cerest Esteio será referência para 18 municípios da Região 8 de Saúde da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) do Rio Grande do Sul.
Os Cerests fazem parte da rede nacional de saúde do trabalhador, conforme definido na portaria n° 1.823/ 2012 que institui a política nacional de saúde do trabalhador. Além de esteienses, o Cerest Esteio atende trabalhadores de Barão, Harmonia, São Pedro da Serra, Tupandi, Salvador do Sul, Brochier, Maratá, São José do Sul, Pareci Novo, São Sebastião do Caí, Montenegro, Capela de Santana, Tabaí, Triunfo, Nova Santa Rita, Canoas e Sapucaia do Sul.
A estrutura do serviço conta com três salas amplas para atividades administrativas e de recepção, contando também com alguns ambientes compartilhados com o Cias, como consultórios e sala de reuniões. O espaço que está sendo utilizado pelo Cerest passou por reforma, incluindo pintura e demais ajustes na estrutura. Até o momento, a Prefeitura de Esteio investiu cerca de R$ 23 mil para adequação do local e compra de mobiliário e equipamentos.
Os trabalhadores a serem atendidos devem ser encaminhados pelos serviços de atenção básica em saúde, mas o Centro também presta orientação de forma direta, sem necessidade de encaminhamentos.
Abril Verde
O Movimento Abril Verde é uma iniciativa que busca conscientizar a população sobre a importância da saúde e segurança no trabalho. A campanha surgiu por iniciativa do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado do Paraná (Sintespar), em 2014.
No dia 28 de abril de 1969, em uma mina na pequena cidade de Farmington, West Virginia, nos Estados Unidos, uma explosão matou 78 mineiros. Este triste episódio se tornou um dos maiores e mais conhecidos acidentes trabalhistas da humanidade.
Mais de 30 anos após este fatídico dia, em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) adotou o dia 28 de abril como o “Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho”, sendo seguido por vários países e tornando-se uma forma de homenagem a estas vítimas e, também, de conscientização das pessoas sobre os riscos de acidentes de trabalho.
No Brasil, em 2005, recebeu o nome de Dia Nacional em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, instituído pela Lei nº 11.121/2005.
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