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Pesquisadores fazem primeiro sequenciamento de vírus da COVID de Esteio
13/11/2020
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As equipes da pesquisa GPS COVID Esteio realizaram, na última terça-feira (10), o sequenciamento genético (análise da composição) de 21 amostras do SARS-CoV-2, vírus causador do novo coronavírus (COVID-19), coletadas junto a pacientes internados na Fundação de Saúde Pública São Camilo de Esteio (Hospital São Camilo). O estudo é uma parceria da Prefeitura Municipal com quatro instituições gaúchas de ensino superior (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Unisinos e Feevale), envolvendo cerca de 50 pesquisadores, e também abrange a realização de testes rápidos de detecção da COVID-19 com residentes na cidade.
“Estamos fazendo a análise dos resultados obtidos após o sequenciamento, comparando com as informações disponíveis em bancos de dados nacionais e internacionais, a fim de saber de onde são provenientes as linhagens identificadas nessas 21 amostras e as mutações que sofreram”, explica a coordenadora-geral da pesquisa e docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Prof. Dra. Claudia Thompson.
Os exemplares do vírus analisados foram colhidos entre pessoas positivadas para a COVID-19 hospitalizadas com quadros mais graves no São Camilo. Isso poderá resultar na identificação de mutações que levem a um pior desfecho da doença.
O processo de sequenciamento envolveu, inicialmente, a transformação das moléculas de RNA (ácido ribonucleico) do SARS-CoV-2, elementos em filamento simples, em DNA (ácido desoxirribonucleico), compostos de fita dupla, que contém as informações genéticas sobre o desenvolvimento e o funcionamento do vírus. A partir disso, foram construídas “bibliotecas” com os dados constantes no DNA que, posteriormente, foram analisadas em laboratório da Feevale.
Essa etapa do levantamento auxiliará a identificar padrões da doença, comparando com amostras de pacientes com coronavírus no Brasil e no exterior e de casos registrados em outros surtos de síndromes respiratórias recentes (como a H1N1). A intenção é descrever a evolução do vírus, identificando suas eventuais mutações, as mudanças em sua capacidade de transmissão e a variação das manifestações clínicas apresentadas.
Estudo esteiense é um dos mais longos sobre o tema no mundo
Em paralelo às análises da GPS COVID, os pesquisadores que integram a investigação redigiram um artigo de revisão da literatura disponível sobre estudos realizados em todo o mundo tendo como foco a prevalência da COVID-19 entre a população. A partir de uma análise inicial de 4.587 artigos científicos, foram identificados textos já divulgados de 37 pesquisas de 19 países. O artigo, concluído em outubro, foi submetido à publicação na revista científica Reviews in Medical Virology, cujos editores solicitaram autorização para compartilhar o conteúdo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em virtude de sua relevância para a compreensão da pandemia.
Tendo em consideração os resultados da revisão de literatura, o levantamento de Esteio, ainda que não faça parte da amostra, pode ser colocado entre os mais extensos do mundo em termos de duração. Iniciado em maio, ele está chegando a 14ª fase de coletas, que ocorrerá entre segunda (16) e quarta-feira (18). Nas 13 etapas realizadas quinzenalmente ao longo desses seis meses, foram aplicados 6.866 testes rápidos em moradores esteienses, dos quais 204 deram positivo para o novo coronavírus.
Para a definição de quem será testado para a pesquisa, a equipe dividiu os 13 bairros de Esteio em 149 setores, cada um com 177 domicílios em média. A cada fase, os setores são sorteados e, neles, os pesquisadores definem, aleatoriamente, as casas onde as coletas serão feitas. Durante a visita às moradias, os integrantes do estudo preenchem, por meio de um aplicativo desenvolvido especialmente para ação, um questionário com o objetivo de identificar se os residentes apresentaram ou apresentam sintomas da doença, como febre, tosse e dificuldade para respirar, bem como informações sobre saúde, renda, cor da pele e idade, entre outros dados.
Após isso, os profissionais da saúde realizam a testagem rápida em todos os moradores da casa, coletando uma pequena amostra de sangue. Os resultados, obtidos em 15 minutos de espera, são tabulados e analisados com auxílio de algoritmos e modelos matemáticos complexos, e apresentados para a Administração Municipal, permitindo ajustes nas ações de combate ao coronavírus. Pacientes que testem positivo para a doença recebem acompanhamento especial.
O objetivo da GPS COVID Esteio é traçar, com base em dados do Município, um perfil epidemiológico, genômico e clínico do vírus causador da COVID-19. O levantamento realiza um amplo estudo epidemiológico, detalhado em 12 objetivos específicos, capaz de estimar a prevalência da infecção, acompanhar a evolução da doença e avaliar padrões moleculares virais por meio de sequenciamento genético, entre outros possíveis usos.
A intenção é disponibilizar os resultados do estudo para a comunidade em geral em um painel visual online (dashboard). Outro recurso eletrônico que permanecerá como legado para a Administração Municipal é o aplicativo criado para aplicação do questionário, que reunirá as informações para a Prefeitura em um banco de dados, podendo ser utilizado em outros levantamentos.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até esta quinta-feira (12) Esteio registrava 3.203 casos confirmados de COVID-19, com 2.999 pessoas curadas (93,6% do total de casos), 107 pacientes em recuperação e 97 óbitos (3%). Outros 458 casos constam como suspeitos e 14.998 análises foram descartadas com resultado negativo para coronavírus. Já foram realizados 18.609 testes no Município.
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